quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

SOBRE A LIGA NACIONAL DE APOIO AOS CAPOEIRISTAS

idealizado POR FRANCISCO ALOISIO TEIXEIRA FILHO(C.MESTRE CEARÁ)integrante da fundaçao internacional capoeira artes das gerais, capoeirista que visa o fortalecimento da cultura brasileira, através do registro digital da vivência das rodas e trabalho realizados com a arte da capoeira.

É hora de “dar a volta ao mundo”. Ôpa!!! Ergui os braços... fiz a 'chamada', camará!!! Solte sua mandinga e responda a chamada: Você é um capoeira? Se você é um capoeira, levante o “Axé” dessa roda e venha fazer parte da liga nacional de apoio aos capoeiristas.

o diálogo acontece pela sua participação na troca de informações. Continue nesse jogo virtual, preencha agora nosso cadastro e mostre ao mundo que você faz parte da liga nacional de apoio aos Capoeiristas.

Todas as informações vinculadas aos capoeiras coletadas aqui formam o uma equipe de todos os Capoeiristas que vem ajudando na divulgaçao da capoeira no Brasil e no Mundo.

PESQUISAS

Pesquisas transculturais sobre a capoeira e a cultura brasileira.
A LIGA NACIONAL DE APOIO AOS CAPOEIRSTAS, tem esse espaço destinado exclusivamente para pesquisas com o objetivo de promover o desenvolvimento dos conhecimentos sobre a Capoeira, a cultura brasileira e as manifestações culturais como o Maculelê, Samba de Roda, Puxada de Rede e outros folguedos adjacentes, avaliando seu impacto na qualidade de vida de seus praticantes e em seus sistemas culturais.

Nossa linha de pesquisa é interdisciplinar, dentro de uma abordagem transcultural, para estabelecer explicações a partir de várias áreas de conhecimento. Áreas como:

• Psicologia Social e Organizacional
• Sociologia
• Geografia
• Artes
• Educação e Educação Física
• Antropologia

Convidamos todos os interessados a propor novos temas para nossas futuras pesquisas.

artesdasgeraisce@hotmail.com

GRUPOS DE CAPOEIRA

Impossível tratar dos capoeiristas sem reconhecer a importância dos Grupos de Capoeira que tanto trabalham para que nossa cultura seja valorizada. Os Grupos de Capoeira são escolas da vida que surgiram da necessidade de mais pessoas aprender capoeira, e para institucionalizar a capoeira como uma parte formal da sociedade brasileira.

Os grupos são criados por Mestres e professores que acreditaram poder viver dignamente trabalhando com a cultura popular brasileira e nossas tradições históricas. Pensando nisso a liga nacional de apoio aos Capoeiristas incluiu-se no Censo de Capoeiras, uma parte especial onde o Mestre (professor ou instrutor) responsável por cada Grupo (ou filial) poderá cadastrar informações específicas sobre a filosofia do grupo, ano de fundação, seu sistema de cordas/cordão, logotipo e cadastrar os eventos para serem publicados no site.

As informações de cada grupos serão extremamente importantes para se ter não apenas um perfil dos capoeiristas, mas da própria Capoeira. Pois os Grupos de Capoeira são centros de criação e de expressão dos principais fundamentos da Capoeira do Brasil.

Cadastre o seu grupo em nosso site, informe para o Mundo da sua existência. Além do mais, com seu cadastro em dia você poderá ter os seguintes serviços gratuitos da liga nacional de apoio aos Capoeiristas.MANDE SEUS ADADOS:

pelo EMAIS:ARTESDASGERAISCE@HOTMAIL.COM

OBJETIVO DA LIGA DE APOIO AOS CAPOEIRISTAS

O Censo de capoeiras é uma iniciativa semelhante a uma roda de capoeira. Quando você participa de uma roda, pode olhar à sua volta e perceber quem está ao seu redor. Baseado em informações dos próprios capoeiras cibernéticos poderemos contar ao mundo quantos nós somos!

Tanto no Brasil quanto no Mundo inteiro, saberemos o perfil do praticante de capoeira e estatísticas sobre o número de capoeiristas existentes em cada cidade, estado, região, país, continente, discriminados por várias características, entre elas:

• Informações individuais: sexo, estado civil, faixa etária e escolaridade, tipos de contatos e o que pensa sobre a capoeira;

• Profissão: tipo de envolvimento com a capoeira, tempo que é praticante, número de profissionais que vivem de capoeira;

• Características dos grupos: filiais, tipo de organização e agenda de eventos;

Faça parte do Censo de capoeiras porque você é capoeira!!!

LIGA NACIONAL DE APOIO AOS CAPOEIRISTAS

Juntamente com o Censo de Capoeiras, nosso projeto inclui informações sobre o que chamamos redes de contatos entre os capoeiristas.

Na realidade, estamos realizando um estudo sobre a “Rede Social da Capoeira” onde poderemos representar os relacionamentos afetivos ou profissionais dos praticantes de capoeira considerando seus agrupamentos e interesses mútuos.

Dessa forma, será possível mapear como se configuram essas relações e inferir sobre a qualidade das relações de amizade, confiança e aprendizagem que ocorrem entre os capoeiras. Ao estabelecer a representação gráfica destas relações, podemos identificar os vínculos construídos ao longo do tempo entre capoeiristas dentro de seus grupos e a integração entre os Grupos de Capoeira de modo geral. Veja Exemplo (mesma cor = mesmo grupo):

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

PROGRAMA DE CONTROLE DE HOMICÍDIOS FICA VIVO

O Programa de Controle de Homicídios Fica Vivo! é coordenado pela Superintendência de Prevenção à Criminalidade e tem como objetivo reduzir o número de homicídios favorecendo a organização comunitária e dos jovens. O trabalho alia ações preventivas, que mobilizam os jovens, entre 12 e 24 anos, das comunidades em oficinas educativas, culturais e profissionalizantes e de patrulhamento ostensivo feito pelo Grupamento Especializado de Áreas de Risco (Gepar) da Polícia Militar de Minas Gerais.



A implantação do Fica Vivo! já foi concluída em 6 comunidades de Belo Horizonte. Foram realizadas 552 oficinas e 2.439 atendimentos a jovens, reduzindo em 20% o número de homicídios nessas regiões.

Níveis de Intervenção:

Proteção Social: oferece suporte social e oportunidades de profissionalização, bem como lazer, educação e cultura aos jovens, intervindo inclusive nas questões relativas à comunicação com esse segmento, por meio do Núcleo de Referência do programa.

Intervenção Estratégica: tem como função ações conjuntas de órgãos de justiça, tais como: Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, dentre as quais destacam-se as repressivas.

Os núcleos de referência do Fica Vivo!

Os núcleos de referência do programa são espaços sociais dentro das comunidades para o atendimento de referência, realização de estudos de casos e diagnósticos sociais e individuais, estabelecimento de novas parcerias e atendimento direto a jovens envolvidos coma a criminalidade. Cada núcleo do programa oferece 20 oficinas, com a capacidade média de 20 alunos em cada.

O Fica Vivo! incentiva a participação de oficineiros das comunidades, implementando projetos elaborados por eles. Atualmente são 91 oficineiros e apenas 18 não são moradores das comunidades.

Núcleos do Fica Vivo! em Belo Horizonte:

Núcleo de Referência Alto Vera Cruz/Taquaril/Granja de Freitas
Coordenadores: Josiane e Alessandro
Endereço: Rua Antão Gonçalves, nº 60 Bairro Taquaril
Telefone: (31) 3483-2366
Oficinas

Núcleo de Referência Cabana do Pai Tomás
Coordenadores: Ana Dorotéia e Bernado
Endereço: Rua São Geraldo, nº 110
Telefone: (31) 3321-3447
Oficinas

Núcleo de Referência Morro das Pedras
Coordenadores: Liliane e Rosa
Endereço: Rua Cachoeira de Minas, nº 434
Telefone: (31) 3297-7915
Oficinas

Núcleo de Referência Pedreira Prado Lopes
Coordenadores: Daniela e Ricardo
Endereço: Rua Araribá, nº 285
Telefone: (31) 3422-5693
Oficinas

Núcleo de Referência Ribeiro de Abreu/Paulo VI
Coordenadores: Michele Duarte e Fídias
Endereço: Rua Feira de Santana, nº 12
Telefone:
Oficinas

PROJETO ALUNO DE TEMPO INTEGRAL

1- INTRODUÇÃO

Somos suscitados a buscar a credibilidade de que as ações do futuro projeto tenham como meta maior o atendimento ao aluno por ser ele sujeito e objeto central da ação educativa .

Pretendemos despertar a consciência de que a atividade educacional é de mais alta importância política , pois estamos visando formar ao aluno para o exercício da cidadania . Dar subsídios a ele para que seja um ser pensante, decisivo e autocrítico inserido na sociedade em que vive .

2 – JUSTIFICATIVA

A Escola Estadual Gastão da Cunha , através deste projeto pretende proporcionar momentos lúdicos , de interação e integração social , ajustando o sentimento de confiança e prepará-los para a formação humana e pleno exercício da cidadania , através de experiência alfabetizadora e do dia a dia .

3 – OBJETIVOS

· Despertar no aluno o gosto, interesse e importância da leitura e da escrita , para se posicionar como cidadão crítico e ativo, aprendendo a aprender , ser, fazer e conviver .

· Identificar os conhecimentos matemáticos para compreender e exercer um papel ativo na construção do seu conhecimento e na resolução de problemas.

· Desenvolver o pensamento criativo e educá-lo para a percepção do mundo e sensibilizar-se da pluralidade cultural .

· Valorizar a sua bagagem cotidiana .

· Valorizar o próprio corpo compreendendo que deva ter cuidados com a alimentação e higiene para uma qualidade de vida saudável .

· Facilitar a comunicação com o outro através da manifestação corporal , com dança , música , teatro e esporte .

· Estimular o trabalho em grupo para facilitar o convívio social e respeitar as diferenças individuais .

4 – PÚBLICO ALVO

Alunos da 2a. à 4a. séries e Alunos de 5a. á 8a. séries que apresentam dificuldades de aprendizagem e socialização ,

5 – ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS :

Promover :

· Oficinas de artesanato;

· Campeonatos esportivos – em várias modalidades;

· Danças/Teatros/Poesias/Músicas;

· Excursões Culturais e outras modalidades ;

· Trabalhar e sanar as dificuldades de cada aluno referente ao Português e a Matemática , usando cantinho de leituras, audiovisuais, jogos, contadores de histórias, estimulando assim , o interesse no aprender e fazer .

· Realizar mostras das atividades com a participação da comunidade

6 – CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE ALUNOS

· Escolaridade;

· Dificuldades nos conteúdos de Português e Matemática ;

· Dificuldades de socialização ,

7 – DIAGNÓSTICO INICIAL

Avaliação diagnóstica por níveis de aprendizagem

7 . 1 Instrumentos utilizados :

Testes variados (avaliação escrita e oral) . leitura e interpretação, portfólios , autoditado .

7.2 Alunos selecionados com o respectivo diagnóstico

Serão aqueles que apresentaram defasagem no processo ensino-aprendizagem conforme faixa etária .

8 – PROPOSTA DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DOS ALUNOS DURANTE O PROJETO

Envolvimento , compromisso , responsabilidade, participação da equipe na organização e no processo de avaliação do projeto .

Estabelecer uma avaliação contínua , observando a característica do aluno em sua faixa etária e as condições em que o processo ensino aprendizagem se concretiza .

Vítimas ou algozes?

Pare e pense por um minuto. Quando se debatem os preconceitos existentes no Brasil e no mundo, praticamente todas as pessoas concordam que ele existe. Experimente perguntar quem ja foi vitima de preconceito ? voce vera muitos bracos levantados. Agora, questione quem ja foi preconceituoso em relac?o a alguem. Surpresa! As pessoas n?o respondem sinceramente a essa ultima quest?o. Por que sera?

Quem explica e a doutora em Sociologia, mestre em Antropologia Social e professora da PUC do Rio de Janeiro, Sonia Maria Giacomini. ?A esse mecanismo, o estudioso Florestan Fernandes, buscando entender a cultura brasileira, chamou de ?o preconceito de ter preconceito?. Ou seja, como as pessoas n?o aceitam o fato de serem preconceituosas, o unico reconhecimento delas e na condic?o de vitimas.?

Entrando no ambiente escolar, percebe-se que muito tem sido discutido a respeito da melhor forma de inclus?o dos alunos. Luta-se para que sejam aceitos, bem educados, para que facam amizades na escola e consigam sofrer o menos possivel durante esse processo. Mas ?perai?, quantos professores negros lecionam na mesma escola que voce? Quantos professores com algum tipo de deficiencia s?o seus colegas de trabalho?

Quest?es como essas precisam ser feitas e respondidas para evitar o que Sonia chama de naturalizac?o do preconceito. ?Para enxergar o preconceito e realmente trabalha-lo s?o necessarias algumas tecnicas de reconhecimento de atitudes e comportamentos preconceituosos?, ensina. Como fazer isso? ?Exercicios e dinamicas de grupo em que prenoc?es e evitac?es fiquem evidenciadas podem ajudar?, diz ela. Na sua escola, eles podem ser desenvolvidos pela orientadora educacional ou pela psicologa escolar.

Quem partilha da mesma opini?o e a doutora em Antropologia e professora da Universidade de Brasilia, Cristina Patriota de Souza. De acordo com ela, precisa haver uma mudanca de mentalidade que n?o se efetua somente a partir de instruc?es teoricas dadas aos professores. ?E preciso que haja a experiencia, a convivencia com o diferente, para que percebamos que ele n?o e t?o diferente assim.?

Partindo desse principio, ela reitera que politicas de ac?o afirmativa ? como as cotas universitarias ? s?o medidas necessarias, ainda que em carater temporario, para alterar o espectro das hierarquias sociais.

Um discurso, outra realidade
Cristina afirma que, no Brasil, o preconceito geralmente e sutil. As vezes, se reflete em padr?es de beleza que valorizam tracos ?brancos?, como cabelos lisos e olhos claros. Outras vezes, aparece em forma de brincadeiras, piadas e apelidos. ?Mas ha tambem diferencas em termos de incentivo por parte de professores que, mesmo sem perceber, d?o mais ouvidos a alguns colegas do que a outros.? E essa diferenca de tratamento pode acontecer quando o funcionario em quest?o e negro, deficiente, esta acima do peso. Todas essas s?o formas de discriminac?o velada e, por isso, socialmente aceitas. Mas ainda assim caracterizam preconceito.

No que se refere ao preconceito voltado contra o negro, especificamente, Cristina explica que ele vem de herancas historicas que persistem porque as estruturas de poder n?o mudaram. ?Enquanto continuarmos dizendo que n?o deve existir racismo, e as posic?es de prestigio forem ocupadas somente por brancos, estaremos enviando duplas mensagens socializadoras?, alerta.

Ela destaca ainda que, como criancas aprendem mais com exemplos do que com palavras, e preciso fazer mais que simplesmente dizer que todos os grupos s?o iguais e merecem respeito. ?E necessario deixar que elas vejam negros, indigenas e deficientes ocupando posic?es em que suas ideias tenham repercuss?o.?

Carreira
Para o Frei David Santos, diretor da organizac?o n?o-governamental Educafro, a pior de todas as discriminac?es e a silenciosa, que so as estatisticas conseguem enxergar. Segundo ele, na USP, por exemplo, menos de 0,01% dos professores s?o afro-brasileiros. ?Tivemos um caso de um professor universitario negro que concluiu mestrado e se candidatou ao doutorado. Estranhamente, a banca examinadora decidiu que ele n?o tinha preparo para seguir a carreira. Por que? Pelo fato de ser negro??, questiona.

Talvez pelo fato de ser diferente, como a professora Luciana Teixeira de Farias, do Rio de Janeiro. Desde a infancia, ela convive com uma deficiencia fisica e conta que, no seu primeiro emprego em uma escola, foi muito bem recebida pela coordenadora. Apos algumas semanas de trabalho, porem, ela conheceu a diretora da instituic?o, que voltava de ferias. ?Ela n?o gostou nada de me ver em sala. Disse que os pais das criancas n?o aprovariam. No fim do semestre, me mandou embora com a justificativa de que precisava cortar custos?, conta Luciana.

Outro agravante da historia e que, para n?o chamar a atenc?o do Ministerio do Trabalho, a diretora demitiu tambem a irm? de Luciana. ?Essa diretora mandou uma carta de recomendac?o para outro colegio. Fiz teste la, fui contratada e trabalhei por quatro anos naquela escola.?

Quando perguntada sobre o tratamento que recebeu dos colegas e alunos, a professora e enfatica. ?A escola acolhe muito mais do que o comercio ou a rua. Nada e perfeito, mas sempre fui muito bem tratada, sempre me compreenderam e respeitaram. Quando senti o preconceito, n?o deixei que ele me paralisasse.?

As escondidas
Entretanto, ela afirma que o preconceito em relac?o ao deficiente e velado. ?As vezes, voce faz uma entrevista maravilhosa por telefone, a pessoa diz que voce tem todos os atributos para ser um profissional daquela empresa e no dia seguinte, quando voce vai ate a instituic?o para assinarem a sua carteira, eles dizem que a vaga ja esta preenchida.?

Sensac?o de estar sendo enganado como a sentida por Luciana tambem ja foi notada pelo professor Ivan de Oliveira Freitas, deficiente visual. ?Quando fui procurar emprego no Estado, n?o queriam me dar. Prestei concurso, passei, mas uma junta medica disse que eu era inapto ao cargo pretendido. O erro, na minha opini?o, acontece porque, normalmente, quem avalia essa tal condic?o n?o e quem trabalha na area.?

Ivan conta que, quando chegou a uma escola estadual, a diretora da instituic?o comecou a colocar diversos empecilhos para que ele assumisse as aulas. Os problemas listados por ela iam desde os degraus ate a lista de chamada. Quem venceu pelo cansaco foi ele, que ficou com o emprego. ?Superada essa fase, nunca senti preconceito nem de colegas nem de alunos. Ja fui superprotegido, mas nunca discriminado?, explica.

Ex-alunos professores
Tanto Luciana quanto Ivan convivem com as deficiencias que tem desde a infancia. A diferenca e que Ivan sente-se mais seguro agora, ao contrario da colega de profiss?o. Ele estudou em uma escola especial durante todo o ensino fundamental. Nessa fase, n?o enfrentou tantos preconceitos.

Entretanto, eles so se apresentaram quando Ivan foi cursar o ensino medio e a faculdade de Educac?o Fisica. Nessa epoca, ele recebeu apoio de alguns professores e colegas, mas notou como era dificil a vida de um estudante do ensino regular que n?o enxergava. ?Senti mais dificuldade em cursar Educac?o Fisica do que em lecionar porque tem professor que n?o sabe ditar, tem sempre que escrever o conteudo todo no quadro?, revolta-se ele. ?Hoje observo que os professores reclamam muito quando tem de dar aulas para alunos com algum tipo de deficiencia. Acredito que exista mais preconceito contra o estudante do que contra o professor deficiente.?

Como lidar com o diferente?
?Deixando de lado o medo de se aproximar? e a resposta unanime dos entrevistados. O professor Ivan afirma que, na maioria dos lugares por onde passou, no lugar do preconceito, o que ele mais sentiu foi uma superprotec?o, que n?o era destinada so a ele, mas a outros professores que tinham algum tipo de deficiencia. Segundo Ivan, com o tempo esse excesso de zelo vai sendo deixado de lado.

Alem disso, ele acredita que a pessoa faz o ambiente. ?Preciso ser um excelente profissional, caso contrario, com atitudes negativas posso fechar as portas para outros deficientes?, preocupa-se. ?Costumo dizer que tenho de ser 11, e n?o 10. Tenho de me superar a cada dia, ser ainda mais competente, mais profissional, para mostrar o quanto sou capaz.?

Mas por que sera que essa cobranca e t?o grande assim? Talvez por puro preconceito. Se voce e professor e convive tanto com pessoas que sofrem quanto com pessoas que praticam atos preconceituosos, a psicologa Ana Luisa Menezes, da Faculdade de Santa Cruz do Sul, tem uma dica para lhe dar. ?O professor deve refletir e nunca tratar o preconceito com mais preconceito. De nada adianta excluir um colega preconceituoso ou tratar de maneira diferente um aluno que age dessa forma. E preciso estar aberto ao dialogo, em todas as situac?es.?

O professor Ivan concorda que essa e a postura que precisa ser adotada pela maioria das pessoas que fazem parte das chamadas ?minorias? quando elas entram no mercado de trabalho. Isso porque o profissional precisa ser muito bom e ter bastante autoconfianca para conseguir continuar no emprego. ?Quando voce chega, os alunos lhe respeitam, mas passada a primeira fase, eles resolvem sacanear, fingem que est?o fazendo o exercicio e n?o fazem, ficam brincando. Por isso, eu sempre escolho um aluno para ser o monitor da turma, os meus olhos, e n?o me deixo abater?, afirma.

De acordo com o professor, esse trabalho acompanhado de muito dialogo em sala de aula faz a discriminac?o perder forca. Luciana, por sua vez, explica que quase nunca sofreu preconceito na sala de aula, mas isso porque, logo no inicio do ano, conta sua historia, explica o motivo daquela deficiencia e pede aos alunos que conversem com os pais em casa, estimulem a levar os irm?os menores para serem vacinados, a fim de impedir que eles sofram com as sequelas da poliomielite.

Ideia
A psicologa Ana Luisa de Menezes afirma que uma das formas de preconceito menos debatida e a das pessoas em relac?o a elas mesmas. Ela explica que, muitas vezes, a pessoa n?o se da conta que n?o se aceita, e e ai que entra o papel de quem esta por perto. ?Falando sobre o tema em conversas com os colegas, o professor abre as portas para que essa n?o-aceitac?o venha a tona, e, so assim, possa ser refletida e combatida?, acredita.

Uma historia de n?o-aceitac?o aconteceu em Santo Andre, S?o Paulo. Uma crianca negra, chamada Bia, que frequentava uma das creches da prefeitura, n?o gostava de seu cabelo. Por isso, sempre pedia que eles ficassem presos. No entanto, sentia dor cada vez que alguem ia prender seus cachos. Por isso, preferia que eles ficassem alisados e se irritava com a umidade, que trazia os cachos de volta.

De olho no desenvolvimento da crianca e com a intenc?o de anima-la, as professoras da creche fizeram um pequeno livro com ilustrac?es e colagens que contavam as historias que entristeciam Bia. O resultado final mostrou a beleza de uma forma diferente de ser que a aluna ainda n?o havia percebido. Dessa maneira, o problema se resolveu.

Talvez, professor, esteja na hora de voce ter com os seus colegas o mesmo cuidado que tem com os alunos, ja que e muito dificil trabalhar e se desenvolver sem contar com apoio de quem esta por perto. Como dar o primeiro passo? Trabalhando a valorizac?o da identidade de seus colegas, como as professoras de Bia fizeram.











O que você achou desta matéria?

A capoeira e os portadores de necessidades especiais

Por: Marcio Rodrigues dos Santos



Não me lembro bem quando comecei a me preocupar com essa “população especial”, só sei que em 1997, me inscrevi em um curso do Fitness Brasil daquele ano, no SESC Santos, denominado “Lazer e Recreação para Portadores de Necessidades Especiais”, Ministrado pelo Mestre em distúrbio do Movimento, professor de Educação Física e Psicopedagogo “Pérsio Luiz de Almeida”, vulgo “Negão”, tem esse apelido por trabalhar com deficientes auditivos que tinham dificuldade de pronunciar seu nome, e tornou-se um apelido fácil e cativante.



Naquela ocasião, o palestrante abordou várias maneiras motivantes de desenvolver um trabalho com esse tal público especial, de como deve ser a estratégia de tratamento e cuidados com vários tipos de deficiências, e seus comprometimentos, num segundo momento do curso, Professor Pérsio solicitou aos participantes que organizassem uma atividade com seu cotidiano em relação aos portadores de necessidades especiais. Naquele ano já lecionava em algumas escolas particulares, além do Grupo Amigo do Lar Pobre, e treinava a prática da capoeira ainda com o Contra-Mestre Fabião, no próprio SESC, por ser um dos alunos mais adiantados, e já ter ministrado algumas aulas, tinha fácil acesso aos Instrumentos musicais, foi aí que veio a idéia de realizar uma dinâmica com a capoeira e o deficiente visual, arrumei uma venda, armei um berimbau, chamei um dos participantes do curso, e através de explicações da postura corporal para a perfeita execução dos movimentos, solicitei à colega que se se movimenta em relação ao ritmo em que desenvolvia com a tonalidade do berimbau, em alguns momentos tocava o ritmo de Angola, com uma cadência mais lenta, e em outros momentos tocava “São Bento Grande, com uma cadência mais acelerada. Foi muito interessante, pois se percebia a facilidade para o ritmo, porém a dificuldade com a noção espacial, principalmente por se tratar de uma pessoa que não têm esse comprometimento, e de”. Repente se ver com essa dificuldade sem mais nem menos, e sendo assim, esse seria um dos objetivos específicos na prática da atividade.



“Mestre Pérsio”, me questionou se por um acaso se outros deficientes, no caso específico dos “paraplégicos poderiam participar, no momento respondi rápido que sim, através dos instrumentos musicais, que era uma vantagem da capoeira, o questionamento persistiu, e fui perguntado sobre a parte física, se haveria possibilidade, parei, pensei e respondi: - Acredito que cada lesão tem o seu nível de comprometimento, e deve ser estudado em conjunto com profissionais mais especializados, mas podemos adaptar em prol dos benefícios corporais que a capoeira pode oferecer”.



Aquele momento foi mágico, o cadeirante Luciano Marques, hoje presidente da ADIFISA (Ass. dos Deficientes Físicos de Santos), se jogou no chão e começamos a se movimentar nas palmas que todos do recinto iniciaram, e definitivamente “trocamos energia!”.



E isso que foi mais interessante, eu saí feliz por oferecer ao meu semelhante um estímulo para sua auto-estima, e a partir dali iniciei um Projeto com esse público especial, hoje atendo cerca de cem educandos, no Núcleo de Atendimento ao Portador de Necessidades Especiais, e na nossa Associação “Capoeira Escola”, é visível seus valores humanos bem desenvolvidos como a Humildade, Simplicidade, Amizade, e Amor, virtudes que não encontramos em nossa sociedade. Hoje contribuímos para sua auto-estima, e principalmente para a reorganização neurológica desses educandos.

Mato Grosso do Sul comemora Dia Mundial da Síndrome de Down com Dança e Capoeira

Mato Grosso do Sul comemora Dia Mundial da Síndrome de Down com Dança e Capoeira
Por Agora MS
21 de março de 2007
Translate text


Na Foto Cadeirante jogando Capoeira na APAEO Dia Mundial pela Síndrome de Down, comemorado dia (21/03), será marcado por atividades de conscientização e disseminação do conhecimento da síndrome em Campo Grande (MS). Para celebrar a data, Uma Rede de Supermercados em parceria com a Escola de Desenvolvimento Especial Juliano F. Varela, especializada em acolher portadores da Síndrome de Down, realiza pela primeira vez na Capital uma festa especial com apresentações de danças e distribuição de folders educativos.

A coordenadora pedagógica da escola, Roberta Navarrete Ribeiro, explica que na ocasião cerca de 80 alunos da Escola Juliano Varela apresentará ao público campo-grandense habilidades na capoeira e na dança do ventre. “Eles também estarão entregando folhetos informativos sobre as atividades desenvolvidas pela Escola Juliano Varela e sobre a importância da inclusão social”, ressalta a coordenadora.

Atualmente, a Escola Juliano Varela atende cerca de 120 alunos com os programas de estimulação precoce, educação infantil e ensino fundamental, atividades extras curriculares, como a capoeira, educação no trânsito e inserção no mercado de trabalho, além do grupo de dança formado pelos alunos da escola. Ela é mantida através de doações e de convênios com o governo federal, estadual, municipal e doações de empresas e particulares.
Síndrome de Down

O Dia Mundial da Síndrome de Down foi escolhido pela Associação Internacional Down Syndrome International, em alusão aos três cromossomos no par de número 21 (21/3) que as pessoas com síndrome de Down possuem. A síndrome de Down não é um defeito nem uma doença. É uma ocorrência genética natural, que no Brasil acontece em 1 a cada 700 nascimentos e está presente em todas as raças. Por motivos ainda desconhecidos, durante a gestação as células do embrião são formadas com 47 cromossomos no lugar dos 46 que se formam normalmente.
O material genético em excesso (localizado no par de número 21) altera o desenvolvimento regular da criança. Os efeitos do material extra variam enormemente de indivíduo para indivíduo, mas pode-se dizer que as principais características são os olhinhos puxados, o bebê ser mais molinho e o desenvolvimento em geral se dar em um ritmo mais lento. Com apoio para seu desenvolvimento e a inclusão em todas as esferas da sociedade, as pessoas com síndrome de Down têm rompido muitas barreiras.
Em todo o mundo, e também aqui no Brasil, há pessoas com síndrome de Down estudando, trabalhando, vivendo sozinhas, escrevendo livros, se casando e até chegando à universidade.

http://www.agorams.com.br
Recomendar este Artigo...



Leia Também: Artigos Relacionados
Nenhum Item Relatado
Navegação: Item de Conteúdo

Item Anterior: AACD incentiva pacientes a praticar esportes e Capoeira.



Próximo Item: Capoeira & APAE - Projeto APAEXOEIRA.

Capoeira é aliada no tratamento de deficientes físicos em S. José

São José dos Campos
Entidades de São José dos Campos que cuidam de portadores de deficiências múltiplas estão adotando a capoeira como método alternativo de tratamento para seus pacientes. O projeto "Capoeira para Pessoas com Necessidades Especiais" desenvolvido há seis anos pelo grupo Caxinguelê atende a oito instituições e cerca de 110 alunos na cidade.

O exercício, além de melhorar a coordenação motora e as condições musculares dos alunos, ainda promove a socialização e desperta a auto-estima, segundo análise de especialistas.

Na Comunidade Francisca Júlia, onde 40 pessoas praticam capoeira, foi possível reduzir a quantidade de medicamentos por conta da melhora nas condições psíquicas dos pacientes.

"É claro que não há como substituir os remédios porque existe um problema neurológico. Mas a capoeira ajuda na recuperação do paciente e faz com que o cérebro saia da letargia e seja obrigado a aprender", explicou a professora de educação física do hospital, Zélia Cristina dos Santos.

A capoeira tem efeito diferenciado para cada tipo de deficiência, de acordo com o professor Marcelo Ribeiro dos Santos, o Marajó, que cooderna o projeto com um grupo de mais 11 amigos.

Segundo ele, no caso dos deficientes visuais, por exemplo, a intenção dos exercícios é desenvolver o tato e a percepção do som. Nos que possuem problemas mentais, o objetivo é melhorar a coordenação motora.

AMIZADES - Na Sorri de São José, o paciente Hermes Arruda, 34, que possui deficiência mental leve, explica que a capoeira estimula o corpo e o ajuda a fazer amizades. "Fiquei mais animado e mais rápido no trabalho também. A capoeira não faz mal e praticar esporte é saudável", confirma.


--------------------------------------------------------------------------------

TRABALHO PORTADORES

SAÚDE & CAPOEIRA

--------------------------------------------------------------------------------


A capoeira traz muitos benefícios ao praticante pois a medida em que o capoeirista mais pratica essa nossa arte ele mais se sincroniza com os movimentos preparando gradativamente seu corpo para essa luta. Além da parte física a capoeira é um esporte que conta com a musicalidade que cativa o praticante. É muito oportuno lembrar que no início da prática o desportista se vê deslumbrado mediante um tão vasto universo de movimentos a serem praticados e devido a isso e aos movimentos iniciais serem mais simples o novo capoeirista evolui rapidamente se empolgando com a prática deste esporte pelo menos até seu primeiro ano de treino, quando os movimentos vão se tornando cada vez mais complexos e sua evolução se torna visualmente mais lenta.

É devido a todas estas vantagens que o novo capoeirista se impressiona e a capoeira torna-se como um vício que neste instante pode assumir uma lacuna importante na vida da criança, jovem e adolescente. Essa lacuna é rapidamente preenchida pela prática da capoeira evitando a ociosidade que de um modo geral é ruim pois no tempo vago que o adolescente procura ou é na maioria das vezes induzido a prática de atividades negativas a sua evolução como cidadão e ser humano. Para as crianças deficientes é um excelente modo de introduzí-las a sociedade devido a sua posição no grupo de capoeira por sua graduação e sua aceitação pelos outros componentes do grupo. O deficiente mais que qualquer um sofre uma evolução psicomotora incrível e sente-se confortado por sua importância como um componente de um todo que seria o grupo de seus novos amigos, do grupo de capoeira. Para a criança carente e de rua que em sua maioria aprendeu em toda a sua vida praticamente a violência devido ao excesso de ociosidade, a capoeira vai preencher este tempo livre, trazer nova perspectiva de uma futura profissão e consequentemente um lugar na sociedade além de mostrar através do relacionamento dos componentes de seu novo grupo de capoeira a amizade, o amor, o companheirismo e na pior das hipóteses a tolerância. É por isso que cada vez mais os capoeiristas se conscientizam que a violência só denigre nossa arte capoeira e que um dos bens que esta luta nos traz a saúde é o bom relacionamento com outras pessoas através de um sorriso, um abraço ou um aperto de mão que muitas vezes nunca ocorreriam, devido a distância social, econômica e cultural de muitos dos componentes de um grupo de capoeira.

A prática do esporte como a capoeira gera aumento da produção de endorfina (substância própria do nosso corpo) que reduz o efeito analgésico, excitante e tranquilizante estimulando sempre a constante prática do exercício. Diferente dos outros esportes anaeróbicos, além da hipertrofia muscular, associado a isso, a prática da capoeira aumenta a flexibilidade e alongamento da musculatura, trazendo agilidade ao praticante. A capoeira também gera uma melhora da "performance" cárdio-respiratória, desenvolvendo a musculatura cardíaca e aumentando a capacidade pulmonar, ou seja gerando uma maior resistência aeróbica ao praticante.
A prática desta luta deve ocorrer com certa cautela a partir de simples práticas profiláticas a contusões e problemas mais sérios. Isso pode ocorrer através de prévias avaliações físicas feitas por um médico para detectar patologias em potencial que podem se agravar. É muito importante também existir o estímulo do professor e mestre de capoeira da prática do aquecimento e alongamento antes de se iníciar o treino da capoeira propriamente dita.

A capoeira é um esporte completo devido a tudo descrito anteriormente no texto que pode ser resumido em duas palavras: sincronia e equilíbrio de todas as funções vitais que é sempre estimulado pela prática deste esporte. O capoeirista para aprender um novo golpe ou movimento precisa desenvolver o uso sincronizado de vários grupos musculares simultaneamente o que vai viabilizar o uso destes também em práticas corriqueiras no dia a dia do praticante diferentemente do praticante de musculação que trabalha isoladamente cada função muscular. Por outro lado, deve-se ter muito cuidado pois a prática indevida pode gerar lesões musculares bem como articulares, muitas vezes irreversíveis que podem acarretar prejuízos ao praticante pelo resto da vida.

CAPOEIRA SEM FRONTEIRAS

Escrito por: Fernando Cássio Orso Alves - Monitor Atrazado,em:20-02-2006 23:00
Acessos: 2142




Translate text

Em uma destas voltas ao mundo na Rod@ Digital, encontrei um video sugerido por um amigo cujo título por sí só já fala tudo... (Capoeira, vivendo sem barreiras) porém é preciso assistir ao video para sentir a verdadeira força e a emoção da superação, da alegria de viver... da CAPOEIRA...

Dentro deste espírito fica a sugestão do video: Capoeira, vivendo sem barreiras e para uma maior compreensão deste tema temos uma seção totalmente dedicada a Capoeira sem Fronteiras, a Capoeira para Portadores de Necessidades Especiais.

Abaixo a matéria que deu ínicio a esta seção em Fevereiro de 2006.

Meus agradecimentos a todos que lutam e trabalham com estas fantasticas pessoas...


Aqueles que conhecem a capoeira, sabem do que ela é capaz. A capoeira é jogo, luta, dança, brincadeira e filosofia.
Como diz Mestre Paulo, “... capoeira é o único esporte que tem a sua própria música. É a única luta em que o homem luta com a mulher e o velho com a criança”. Além disso, como diz Mestre Mão Branca, “... os opostos se atraem, o rico e o pobre, o preto e o branco”.

Não só eu, mas muitos outros capoeiristas acreditam que a capoeira é mágica, e a sua maior magia esta na brincadeira de forma lúdica e principalmente pelo seu processo de inclusão.


Ao ouvir falar em inclusão, a primeira coisa que nos vem na mente é de um rico abraçando orgulhosamente um pobre, ou ainda, um negro recebendo o agradecimento de um branco. Hoje existem alguns mestres e professores de capoeira, fazendo mais pela capoeira. Fiquei encantado ao ver na edição N° 31 da revista PRATICANDO CAPOEIRA, a foto de um capoeirista fazendo um peão de cabeça, esse capoeirista tem as duas pernas e o braço direito amputados. Então aproveito para parabenizar o Mestre Alemão e o Mestrando Anghola por este trabalho.

Existem muitos outros capoeiristas fazendo esse tipo de trabalho, é o caso do grande Mestre ceará de Florianopolis – SC e ainda do Monitor Cascavel também faz um trabalho em Florianópolis – SC. Eu atualmente, sou Monitor de Capoeira e já estou fazendo um trabalho seguindo a mesma linha de raciocínio.

A pouco mais de 1 (um) ano, comecei a dar aula de educação física particular e voluntariamente para um aluno cadeirante. Após assistir uma palestra com Steven (da Associação Desportiva para Deficiente), passei a me interessar mais por esse assunto, então iniciei esse trabalho com esse aluno cadeirante, e além de outras modalidades tradicionais, procurei adaptar a capoeira para cadeira de rodas.
Hoje, esse aluno (Bira), é um dos únicos capoeiristas de Santa Catarina a jogar capoeira na cadeira de roda, isso é motivo de muito orgulho, atualmente venho realizando trabalho com alunos deficientes mentais na APAE de minha cidade, tenho poucos alunos praticando capoeira, mas é notável o resultado. No futuro ainda pretendo fazer um trabalho de capoeira para deficientes visuais, assim como Mestre Mancha vem fazendo em sua cidade.

Não estou aqui para me promover com este assunto, muito pelo contrário o que quero dizer a todos, é que não tive nenhum curso específico que me ensinasse uma maneira que deveria trabalhar com alunos com necessidades especiais. O que foi preciso, necessariamente de calma e observação dos movimentos. Um paraplégico não tem movimento de membros inferiores, porém ele poderá fazer maior movimentação com os braços, e ainda usar a própria cadeira como seu corpo. No meu caso tento mostrar para meu aluno que o apoio dos pés pode representar os pés, quando esse vier em movimento circular tocando em minha perna esta simbolizando uma rasteira, e assim sucessivamente. Para este trabalho, usei a capoeira de Angola como base, e o mesmo eu farei no futuro com Deficientes Visuais.

Acredito que muitos são os professores e mestres que gostariam de experimentar esse tipo de trabalho, mas não pode ficar de braços cruzados esperando o aluno deficiente chegar na sua academia. Além disso, alguns pensam que poderá ter nesses alunos uma boa fonte de renda. Quem pensar assim está enganado, o que acontece é que a maioria das pessoas portadoras de necessidades especiais tem uma condição financeira reduzida. Outro grande problema é que muitos deficientes se autodiscrimina, entretanto, necessita-se de pessoas para orientar esses futuros alunos, e mostrar-lhes que eles são capazes. Isso é uma questão de amor e solidariedade, muitos deficientes não querem caridade, eles querem uma oportunidade de ter os mesmo direitos, de freqüentarem os mesmo lugares, e porque não, jogar capoeira.

Agora, passamos a ter uma outra visão da capoeira, pois ela vai muito mais longe do que pensamos. Ao invés de nos preocuparmos em ser os melhores dentro da roda, temos que ter consciência e serenidade que precisamos ser melhor fora da roda. Temos que ser melhor em nossas atitudes, nossa didática, nossa amizade, no modo de viver. Encontraremos nos deficientes um braço amigo que em sua grande maioria não te puxa para lhe derrubar, mas mesmo que tenha apenas um toco de braço ele irá te empurrar para te levantar. Lembre-se que você já o levantou, quando tirou ele do casulo em que vivia, na depressão e abandono.

Portanto, esta oportunidade de criar uma coluna direcionada para a capoeira adaptada, vai abrir um grande leque. A capoeira precisa ser mais humana, temos que mostrar a capoeira na sua exência, e o Portal Capoeira passa a proporcionar isso. Podemos utilizar este espaço para realização de algumas entrevistas com professores e mestres que realizam este trabalho e publicando matérias relevantes, e abrindo espaços aos próprios capoeiristas.
Mas, retornando ao tema principal “Capoeira Inclusão”, o mais importante de tudo, não é termos alunos com necessidades especiais, mas sim, de fazer com que alunos com necessidades especiais, possam estar jogando na mesma roda que os homens, que as mulheres, que as crianças e que os velhinhos jogam capoeira.

Para finalizar vou usar as palavras de Pastinha, “... o conhecimento é inconcebível até mesmo para o mais sábio dos homens”, por isso temos que tentar conhecermos um pouco mais sobre esse outro lado da capoeira, deixando para traz as disputas, intolerância e vaidade, temos que pensar na capoeira como um todo. Por ultimo uma frase de Mestre Toni-Vargas, feita no momento em que meu aluno recebeu a sua primeira corda. Esta frase serve para refletirmos por muito tempo, disse o sábio mestre: “A Capoeira, não tem fronteira, o professor jogando em pé e o aluno sentado na cadeira.”

A capoeira é de todos ....
Axé Câmara!!!

--------------------------------------------------------------------------------

Fernando Cássio Orso Alves
Monitor Atrazado
ferjeba@hotmail.comEste endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo
Recomendar este Artigo...



Leia Também: Artigos Relacionados
3 de Agosto - Dia do Capoeirista: Radio Nova Brasil FM & Portal Capoeira
Mês da Consciência Negra tem programação especial & Capoeira
BONS CAPOEIRISTAS
Que é cidadania?
Vencedora da Promoção de Aniversário do Portal Capoeira
Dicionário da Capoeira
Navegação: Item de Conteúdo

Item Anterior: Luciano Santos Bispo - Mola.


Publicado em: :Capoeira ,CAPOEIRA SEM FRONTEIRAS: A Capoeira para Portadores de Necessidades Especiais
Keys/Tags: :Capoeira, CAPOEIRA SEM FRONTEIRAS: A Capoeira para Portadores de Deficiência, Capoeira sem fronteiras...
Artigos Favoritos 12

Avaliação do Editor

Comentários(5) Adicionar comentário
Postado por: cristiana garcia, em: 27-06-2007 20:23, IP 201.19.82.158, Visitante
1. evento artístico no ParaPan
Olá
Meu nome é Cristiana e estou fazendo contatos para conhecer grupos artísticos que desenvolvam trabalho com deficientes.
Queria muito falar com vcs sobre o grupo de capoeira com deficientes - Capoeira sem fronteiras.
Por favor, me passe um telefone e email para que possamos conversar
obrigada
Kiki


» Reportar este comentário ao administrador
» Responder a este comentário...


Postado por: Visitante, em: 23-03-2007 03:09, IP 72.8.78.54, Visitante
2. GRUPO VADIAR CAPOEIRA
Sou professor de Capoeira e atualmente tenho um trabalho com capoeira aqui no exterior nos EUA, achei otimo o assunto do meu amigo capoeirista sobre capoeira inclusao. Muito bom, obrigado por esse conhecimento.
Muito axe, e sucesso no seu trabalho.


» Reportar este comentário ao administrador
» Responder a este comentário...


Postado por: Visitante, em: 30-11-2006 00:46, IP 201.4.75.158, Visitante
3. Parabéns
É bom saber que já se tem alguém priorisando a divugão do trabalho com deficientes.


» Reportar este comentário ao administrador
» Responder a este comentário...


Postado por: Visitante, em: 21-02-2006 14:49, IP 201.24.67.95, Visitante
4. O prazer de esta aqui....
Muito obrigado professor Luciano Milani, saiba que o prazer de estar fazendo parte desse seu site é tão grande quanto o fato de trabalhar com pessoas deficientes.

Em breve muitos outros entrarão para esse time.

Axé


» Reportar este comentário ao administrador
» Responder a este comentário...


Postado por: lmilani, em: 21-02-2006 13:47, IP 213.13.204.41, Visitante
5. Bem Vindo Camarada...
Fernando é um prazer te-lo em nosso time, chega prá ca meu camarada... e sinta-se em casa!!!

temos muito trabalho pela frente...

Axé!

Luciano Milani


» Reportar este comentário ao administrador
» Responder a este comentário...




Adicionar comentário




mXcomment 1.0.6 © 2007-2008 - visualclinic.fr
License Creative Commons - Some rights reserved
< Anterior

[Voltar]

Arquivo
June, 2007
May, 2007
April, 2007
March, 2007
February, 2007
Artigos + Vistos
Interatividade: Fórum - Jogos - Portal Chat - CaPostal
Trailer do Filme
Músicas de Capoeira
Jogos: Palavras Cruzadas, Jogo de ligar colunas e Quiz da Capoeira
Cinema: TOM YUM GOONG Capoeira X Muay Thai
Estatísticas
Membros: 1089
Notícias: 1438
Weblinks: 107
Eventos: 906
Videos: 224
Arq. Downloads: 114
Nº Downloads: 201021
Visitantes: 5071354

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Zumbi

Zumbi


Com as invasões holandesas (1624-1630), as fazendas e engenhos do Nordeste sofrem uma certa desorganização temporária, dada a atenção desviada dos senhores e governantes para a expulsão dos invasores, diminuindo por certo período, em conseqüências desse fato, a rigidez exercidas até então sobre o escravo.

Sedento para livrar-se do sofrimento, e aproveitando-se do incidente das invasões holandesas, os negros vêem chegar a grande possibilidade da fuga, escapulindo em massa para matas e agrestes nordestinos, formando os quilombos, sendo o Quilombo dos Palmares um dos mais importantes, sede maior de todos os outros redutos de negros fugitivos.

Líder dos revoltosos no Quilombo dos Palmares, Zumbi, ainda hoje, é símbolo de liberdade para os negros brasileiros e para os amantes dos ideais de justiça e igualdade social. Desse grande guerreiro, herdamos o respeito pela determinação, coragem e dignidade da raça negra. Descendente dos guerreiros imbangalas ou jagas, de Angola, Zumbi nasceu provavelmente em 1655, em um dos mocambos do quilombo.

Com poucos dias de vida foi aprisionado pela expedição de Brás da Rocha Cardoso e dado ao padre Antônio Melo em Porto Calvo. O padre criou o menino, batizando-o como Francisco. Com a educação recebida, aos 10 anos já sabia latim e português e aos 12 anos era coroinha. Em uma carta, o padre refere-se ao menino como dono de um “engenho jamais imaginado na sua raça e que bem poucas vezes encontrara em brancos.”
Aos quinze anos, o jovem Francisco, à procura de liberdade, foge das garras do padre Melo e retorna ao quilombo onde nasceu. Em Palmares, Francisco, o escravo foragido, recebe o nome de Zumbi e uma grande missão: defender o quilombo. Zumbi se aperfeiçoa nas chamadas lutas negras e em estratégias de ataque e defesa, conquistando a admiração e o respeito de todos no quilombo.

Os quilombos eram construídos por mocambos, grupamentos de choupanas que possuíam seu próprio líder. Pela sua descendência e valentia, Zumbi logo se torna líder de mocambo. Com um filho assassinado e outros dois aprisionados, Ganga Zumba, em 1678, o rei de Palmares faz um acordo de paz com os portugueses. Mas Zumbi não concorda com isso. Juntamente com seu irmão Andalaquituche, Zumbi se propõe a libertar todos os escravos, acolhendo os fugitivos de Ganga Zumba em seu mocambo.

Ganga Zumba morre envenenado e Zumbi torna-se o novo rei do quilombo de Palmares. Depois de constantes derrotas, até os brancos passam a respeitar Zumbi, chamando-o de capitão. Em 1694, foi atacado pelas tropas lideradas por Domingos Jorge Velho. Nesse episódio, caiu em um desfiladeiro, baleado duplamente. Essa queda favoreceu a criação do mito do herói que se suicidou para evitar a reescravização. Entretanto, em 1695, Zumbi voltou a atacar povoados em Pernambuco, mostrando que não havia morrido.

Traído por um de seus principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela revelação do esconderijo de Zumbi, o qual foi morto em 20 de novembro de 1695 (Dia da Consciência Negra). A cabeça de Zumbi foi decepada e levada para Recife e pendurada em local público até a total decomposição. O Quilombo dos Palmares foi destruído tendo sido o berço da Capoeira e foi o quilombo que reuniu o maior número de pessoas, cerca de 25 mil. Zumbi morre, mas seu exemplo permanece vivo, tornando-o símbolo da luta pela emancipação da raça negra.

MESTRE WALDEMAR DA PAIXÃO

MESTRE WALDEMAR DA PAIXÃO

--------------------------------------------------------------------------------





Na vadiação,
a capoeira se juntou com o berimbau

P'ra festejar a aliança
DA PAIXÃO, Waldemar
pintou o arco musical

(ah! essa negra mania baiana
de tudo enfeitar
de tudo misturar)!

de repente, assim:
a cor e o som
cabaça
em suas mãos

Odora!

O berimbau se transformou
no arco-íris musical.

Texto: Fred Abreu



Mestre Waldemar. Da Paixão, da Liberdade, da Avenida Peixe, capoeirista conhecido pelos seus berimbaus coloridos e por sua voz inconfundível. Iniciou na capoeira com 20 anos de idade, em 1936, foi aluno de Canário Pardo, Periperi, Talabi, Siri de Mangue e Ricardo de Ilha de Maré. Começou a ensinar capoeira em 1940, na Estrada da Liberdade, no inicio era ao ar livre e depois passou para um barracão de palha que ele mesmo construiu. O local virou ponto de encontro dos capoeiristas baianos, e aos poucos a roda de mestre Waldemar foi se tornando muito famosa e todos os capoeiristas da Bahia iam lá jogar. No livro Bahia: imagens da terra e do povo, publicado em 1964, Odorico Tavares assim descreve uma roda de Waldemar no Domingo a tarde, no Corta Braço, na Estrada das Boiadas, destacando a qualidade do mestre como cantador: "Com os tocadores ao seu lado o mestre levanta a voz, iniciando o canto. Os jogadores, em número de dois, estão de cócoras, à sua frente. É lenta a toada que o mestre canta , como solista e já os capoeiristas acompanham-no em movimentos mais lentos ainda, como cobras que começam a mover-se: olhe o visitante atentamente, como aqueles homens nem ossos tivessem, seus membros parecem que recebem um impulso quase insensível, de dentro para fora.(...) Os homens não se tocam para defesa e ataques que se sucedem em imprevistos de segundos. Ë um milagres em que a violência de um ataque resulte em outro ataque, em que ninguém se toca, ninguém se fere, ninguém se agride. É combate, é baile que dura horas."(p. 177-178)

Mestre Waldemar sempre procurou um bom convívio com todos os capoeiristas recebendo todos em seu barracão com muito respeito e também sendo muito respeitado. O seu reconhecimento com mestre evitava conflitos provocados pelos chamados 'valentões'. Sobre esses conflitos Waldemar nos conta: "Barulho eu nunca tive com ninguém, porque eu sempre fui respeitado, nunca ninguém me desafiou. Se me desafiava para jogar, mestre que aparecia aqui, a minha cabeça resolvia.(...) Me respeitavam muito os meus alunos. E não tinha barulho, porque eu olhava para eles assim, eles vinha pro pé de mim e ninguém brigava."

O canto e o toque de berimbau não eram suas única habilidades o mestre também era um exímio jogador de capoeira. Ele relembra: "Quando eu jogava, eu dizia: toque uma angola dobrada. É um por dentro do outro, passando, armando tesoura, se arriando todo. Parece que eu tô vendo eu jogar. Eu joguei muito.(...) Eu gostava de jogar lento, pra saber o que faço. Pelo meu canto você tira. Eu canto pra qualquer um menino desse jogar, e ele jogo sem defeito. Para os meus alunos eu digo que vou cantar e eles já sabem o que eu quero: são bento pequeno. É o primeiro toque meu. Para o outro tocador eu digo : 'de cima para baixo', e ele sabe que é são bento grande. Para viola eu digo: 'repique', e ele bota a viola pra chorar."

Mestre Waldemar conta que no seu tempo, e nas suas aulas a capoeira era ensinada na roda, mas que também havia os dias de treino. "Eles jogavam e eu fazia sinal pra fazer tesoura, fazia sinal pra chibatear, fazia sinal pro outro abaixar. "



BIBLIOGRAFIA:

Revista Capoeira - Autor: Luís Renato

Estudo Sobre os Toques do Berimbau

O berimbau é um instrumento que foi adotado pelos capoeiristas como o principal regente da orquestra da capoeira. Antigamente o atabaque era quem ditava o ritmo.
Estamos pesquisando os toques abaixo relacionados procurando associá-los ao jogo correspondente conforme descrição de Mestres, através de literaturas aqui citadas, (ver bibliografia) bem como através de entrevistas.





ANGOLA- Toque lento e cadenciado. Serve para jogo rente ao chão, lento e malicioso (Revista Praticando Capoeira, ano I, n.º 03).

BANGUELA- Jogo de dentro com faca - segundo Carybé em citação de Nestor Capoeira no livro: Os fundamentos da Malícia, ed. Record, pág. 119.

SÃO BENTO PEQUENO - Também chamado de "ANGOLA INVERTIDA" - Toque para um jogo amistoso, muito técnico (Revista Praticando Capoeira, ano I, n.º 04).

SÃO BENTO GRANDE DE ANGOLA -

SANTA MARIA -

APANHA LARANJA NO CHÃO TICO-TICO - toque para o jogo de apresentação em que os capoeiristas apanham dinheiro no chão com a boca (Revista Praticando Capoeira, ano I - n º 02, pág. 07).

AVISO - Toque para denunciar a presença do senhor de engenho, capitão do mato ou capataz (Revista Praticando Capoeira, ano I - n º. 02, pág. 07). Segundo dizem os capoeiristas mais antigos, servia para avisar aos escravos da presença do feitor ou capitão-do-mato (Mestre Bola Sete, em: Capoeira Angola na Bahia, pág. 66, ed. Pallas, RJ, 1997).

CAVALARIA - toque que imita o trotar do cavalo, avisando que há polícia nas proximidades. Esse toque foi criado por volta de 1920 para avisar a chegada da cavalaria de "Pedrito", um temido delegado de polícia que perseguia os capoeiristas (Revista Praticando Capoeira, ano I - n º 02, pág. 07). Antigamente servia para avisar aos capoeiristas, da presença da Cavalaria da Guarda Nacional (Mestre Bola Sete, em: Capoeira Angola na Bahia, pág. 66, ed. Pallas, RJ, 1997).



Capoeira Regional


Os toques de Regional inicialmente eram acompanhados por uma bateria inconstante que se apresentava de acordo com a decisão do Mestre Bimba, podendo conter um, dois ou três berimbaus. Tempos depois por sugestão de Decânio, a charanga resumiu-se a um berimbau e dois pandeiros.

AMAZONAS - criação de Bimba, era dificílimo de acompanhar tal a riqueza de ritmos, a sutileza das variações melódicas; poucos capoeiristas conseguiam obedecer aos seus comandos, mais raros ainda os que conseguiam executá-lo no berimbau.

Amazonas é um toque festivo para saudar mestres e visitantes. É chamado de hino da capoeira (Revista Praticando Capoeira, ano I, n.º 05).

BANGUELINHA - Jogo de dentro, colado, corpo a corpo, treinamento para defesa de arma branca.

BANGUELA - Jogo de dentro, colado, corpo a corpo, treinamento para defesa de arma branca.

Benguela - Toque para jogo compassado, curtido, malicioso e floreado (Revista Praticando Capoeira, ano I, n.º 05).

CAVALARIA - Jogo duro, pesado, violento.

IDALINA - jogo alto, solto, manhoso, rico em movimentos.

Idalina - Apresentação de jogo com facas, facões, porretes (Revista Universo Capoeira, ano I, n.º 03, agosto/99).

Idalina - Toque para jogo de navalha (Revista Praticando Capoeira, ano I, n.º 03).

IÚNA -Jogo baixo, manhoso, sagaz, ardiloso, coreográfico, exibicionista; retorno ao estado lúdico.

Iúna - Só para formados e mestres com movimentos de balões (Revista Universo Capoeira, ano n.º 03, agosto/99).

SANTA MARIA - Toque simples, porém rápido; permite jogo solto e alto aceitando bastante floreio.

Santa Maria - Jogo com navalhas (Revista Universo Capoeira, ano n.º 03, agosto/99).

SÃO BENTO GRANDE DE REGIONAL - Jogo ao estilo regional: forte, rápido, mais para violência que para exibicionismo; viril sem perder a malícia.

SÃO BENTO PEQUENO DE REGIONAL - São Bento Grande às avessas; um jogo mais suave, corpo a corpo, aceitando mais deslocamentos e malícia.

NOTA: As explicações feitas aqui, dos toques que estão SUBLINHADOS e em ITÁLICO, referentes a Capoeira Regional foram retiradas do livro de Ângelo Decânio: A Herança de Mestre Bimba, págs. 183 e 184.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

HOMENAGEM AO MESTRE CEARÁ PELO SUCESSO COM SEUS PROJETOS SOCIAS


mestre ceará
Trago-te um recado de muita gente.
Houve gente que praticou uma boa ação,
Manda dizer-te que foi porque
Teu exemplo convenceu.
Houve alguém que venceu na vida,
E manda dizer-te que foi porque
Tuas lições permaneceram
E houve mais alguém que superou a dor,
E manda dizer-te que foi a lembrança
De tua coragem que ajudou.
Por isso que és importante...
O teu trabalho é o mais nobre,
De ti nasce a razão e o progresso.
A união e a harmonia de um povo!
E agora... Sorria!!
Esqueça o cansaço e a preocupação,
Porque há muita gente pedindo a Deus
Para que você seja muito Feliz!!!
Parabéns pelo seu trabalho de capoeira, pois nao foi facil, foram muitas barreiras, mais mesmo assim com esses obstaculos nao desistiu do seu sonho de ser um capoeira de verdade e temos muito orgulho de dizer que es nosso mestre.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A CAPOEIRA COMO ATIVIDADE TERAPEUTA.NOVAS POSSIBILIDADES DE REABILITAÇÃO

Escrito por Acúrsio Esteves.

O Professor Acúrsio Esteves, nos envia esta importante matéria onde o autor da ênfase a importância da capoeira como ferramenta de inclusão social e arma de cidadania e reabilitação... Gostaria de deixar uma ressalva à importância dos trabalhos que diversos Mestres "educadores" vem desenvolvendo dentro desta abordagem: Capoeira na 3ª idade - Capoeira para deficientes - Capoeira Cidadã...
Luciano Milani
No final da década de 60, nos Estados Unidos, atividades artísticas começaram a ser aplicadas na recuperação de pessoas portadoras de necessidades especiais. A ONG Very Special Arts, por exemplo, trabalha no sentido de integrar essas pessoas ao mercado de trabalho valendo-se das técnicas artísticas. O principal elemento proporcionado por estas atividades e que, às vezes, não são encontrados no tratamento convencional, é a motivação. Sessões de Fisioterapia, que se prolongam por meses se forem conduzidas de forma mecânica e impessoal, como felizmente está deixando de acontecer, além de serem um tormento para estas pessoas, não irão despertar nelas satisfação no que fazem e, conseqüentemente, funcionará como um fator limitante para os seus progressos. A grande vantagem dessas formas alternativas é que o paciente não costuma vê-las como uma atividade terapêutica, mas como uma oportunidade lúdica, prazerosa, com uma gama incrível de possibilidades de auto-superação em que seus progressos são mais facilmente quantificáveis.
Nessas atividades também se insere a capoeira, pois ela é uma manifestação artística multifária que engloba, por conseguinte, em uma só atividade, elementos variados que não se encontram juntos em outra manifestação artística. Ela trabalha a sensibilidade, o intelecto e a afetividade através do mais importante referencial de vida do ser humano: o seu corpo. Em relação ao desenvolvimento motor, ela sugere movimentos que alternam alongamento, contração, relaxamento e explosão (força x velocidade). Esses movimentos influenciam no tratamento regulando o tônus muscular, melhorando diretamente o equilíbrio dinâmico e recuperando indiretamente o equilíbrio estático; vão deixar em estado de alerta os sistemas de proteção, ajudando na prevenção de acidentes como quedas e diminuindo as atividades exacerbadas dos hipercinéticos. Ela auxilia também na percepção tempo espacial dos deficientes visuais, ajudando no desenvolvimento dos seus sentidos remanescentes, diminuindo o nível de agressividade de portadores de alguns problemas mentais, permitindo assim uma melhora significativa na qualidade de vida e do desenvolvimento físico. Além dessas, muitas outras vantagens poderiam ser citadas.
Cada movimento realizado, cada limitação superada, cada novo aprendizado assimilado e cada etapa atingida e vencida representam uma vitória tamanha e um grau de satisfação tão grande para estas pessoas que talvez nós, “perfeitos”, não tenhamos a capacidade de sentir. Por outro lado, cada dificuldade apresentada, cada obstáculo a ser vencido, representa o desafio da auto-superação e sugere tenacidade e autodeterminação.

Sob outra ótica, a possibilidade de cantarem, tocarem um ou vários instrumentos, superarem limites físicos através de movimentos que estimulam a sua coordenação psicomotora, conhecerem com mais proximidade outras pessoas com graus diferentes de limitações ou normais, ajudá-las e por elas serem ajudados e conhecerem a história dos seus ancestrais, dentre outras possibilidades culturais é o cardápio oferecido em uma única atividade. As possibilidades de realização de pesquisas históricas relativas à capoeira e manifestações correlatas² podem contribuir para elas se expressarem através da escrita e incentivar o gosto pela leitura. O registro gráfico dos seus símbolos, sob a forma de desenhos através das suas diferentes técnicas, favorece também a expressão artística da pintura. Sendo assim, como parte de uma equipe multidisciplinar, o profissional de capoeira, contribui de forma significativa para o tratamento de inúmeras deficiências, pois a referida atividade ajuda na inclusão social, no exercício da cidadania, aumenta ou desperta a auto-estima, aviva o espírito e enleva a alma. Ela é uma importante aliada aos procedimentos tradicionais adotados pela Fisioterapia, Terapia Ocupacional e pela Medicina. Nessa perspectiva, o trabalho realizado pela Associação Cultural Corrente Libertadora é um bom exemplo de como essa proposta é viável. A Associação foi criada em 1976 pelos irmãos Maurício, Eufradísio, Eufrásio (Tigrão) e Magnólia; baianos de Floresta Azul, radicados no estado de São Paulo. Eles têm ainda o apoio da psicóloga Laura Maria Jorge Carvalho e mais 24 instrutores formando o seu grupo de trabalho, segundo matéria assinada por Letícia C. De Carvalho publicada na revista especializada Praticando Capoeira, ano 1 nº. 3.
O desenvolvimento do ensino da capoeira para este tipo especial de aluno exige uma atenção redobrada do professor. Para um melhor desenvolvimento da proposta, além de dever trabalhar com um número suficiente de auxiliares, é aconselhável que ele se qualifique bem através de cursos que sugerem a inclusão, geralmente dados por instituições públicas ou organizações do tipo APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), para poder prestarem um melhor atendimento. A reabilitação nessa área geralmente é muito dispendiosa para os pais, por isso uma atividade lúdica, que possa acelerar o processo, vem dar uma contribuição importante também para se reduzir significativamente os gastos com o tratamento.Faz-se necessário que a sociedade dispa-se dos seus preconceitos e aprenda como as crianças a aceitar as diferenças como algo normal, e que estas diferenças, devam servir para aproximar, ao invés de separar as pessoas. Nessa perspectiva, sugiro a composição de turmas mistas quanto ao sexo, graus de dificuldades e necessidades especiais em diferentes níveis, bem como a necessária presença de outros alunos que não as tenham.* O professor e pesquisador Acúrsio Esteves, é formado em Educação Física pela UCSal, com mestrado em Gestão de Organizações UNIBAHIA/UNEB e é professor da Secretaria Municipal de Educação de Salvador. Leciona também nas Faculdades Jorge Amado e Fundação Visconde de Cairu, respectivamente nos cursos de Educação Física e Turismo, sendo também autor dos livros Pedagogia do Brincar e A “Capoeira” da Indústria do Entretenimento, de onde foi retirado este fragmento de capitulo. Aqui registramos a colaboração do colega Antônio Luiz Ferreira Bahia, professor de Educação Física do Instituto de Cegos da Bahia e da colega fisioterapeuta Maria da Conceição Souza.

ENTREVISTA DA JORNAL MUNDO CAPOEIRA COM O MESTRE CEARÁ


Mestre Ceará
Entrevista com Mestre Ceará
Foto: Acervo Mestre Ceará
Jornal Mundo Capoeira: fale sobre seu inicio na capoeira:
Francisco Aloisio Teixeira Filho, nascido em 31-07-1971-solteiro filho de Francisco Aloisio Teixeira e de Maria do Carmo Mendonça natural de BELÉM-PARÁ, meu inicio foi em em fortaleza no bairro nova Assunção nos meiados dos anos oitenta, na época quém me ensinava era o Professor Cleilson, depois ele filiou-se ao mestre jair grupo do marabaiano com quem me formei em 1993, depois, passei a fazer parte do grupo muzenza e recebe a corda de contra mestre em curitiba em 1996 pelo mestre Burguês , no segunda curitiba open de capoeira. 2001 eu passei a fazer parte da PASSEI A FAZER PARTE DA FUNDAÇÃO INTERNACIONAL CAPOEIRA ARTES DAS GERAIS DO MESTRE MUSEU POR QUEM FUI FORMADO A MESTRE, HOJE TENHO MEU PRÓPRIO TRABALHO A CIA CAPOEIRA VOLTA AO MUNDO..
Jornal Mundo Capoeira: por qual motivo você escolheu a capoeira?
Entrei na capoeira para fazer fisioterapia, eu não tinha dinheiro para pagar um fisioterapeuta, aos dois anos eu tive paralisia infantil e não andava e a capoeira e DEUS foi quem me curou.
Jornal Mundo Capoeira:porque o apelido ceará?
Ganhei em curitiba, quem me deu esse apelido foi o Mestre Burguês, a quem eu devo tudo que eu sou na capoeira, e sempre terei orgulho de dizer que ele me ensinou e me apresentou para vários mestres de renome a família muzenza me ajudou na trajetória e nunca vou esquecer.
Jornal Mundo Capoeira: O que a capoeira representa em sua vida?
Ela é a minha vida, ela é quem me dar prazer, agradeço a Deus primeiro por ter conhecido ela, por isso eu sou movido pela capoeira, eu sou movido pelo berimbau, ela se encantou comigo e eu me encantei com ela, ela é razão do meu viver
Jornal Mundo Capoeira: Um momento que marcou sua vida na capoeira?
O momento que marcou a minha vida foi quando eu comecei a trabalhar com deficientes visuais e comecei ser valorizados pelo meu trabalho.
Jornal Mundo Capoeira: Fale um pouco sobre seu trabalho em BH:
O trabalho que venho desenvolvendo em Belo Horizonte, é um trabalho novo em escolas, são projetos sócias e em comunidades carentes para os alunos participarem das aulas tem que ter disciplina e boas notas.
Jornal Mundo Capoeira: Fale um pouco sobre sobre seu projeto social, com crianças carentes:
Venho desenvolvendo um projeto social em escolas ,clubes, quartéis e associações, aqui em Belo Horizonte-MG , atendo cerca de 500 crianças temos um projeto em 6 estados, tenho um orgulho muito grande pois eu tenho uma equipe de professores que trabalham em prol da capoeira e com a mesmo ideal.
Jornal Mundo Capoeira: Como descreveria o papel do mestre de capoeira?
Na minha opinião eu acho que o mestre de capoeira tem que ser o segundo ou primeiro pai do aluno, por isso ele tem que dar exemplo, para que seus alunos possa segui-los.
Jornal Mundo Capoeira: Agradecimento em especial:
Agradecer a DEUS, por ter me dado essa oportunidade de ser capoeirista, aos mestres que contribuirão para meu sucesso em especial o mestre museu que estar me ensinando muita, dentro e fora da capoeira , não posso esquecer dos meios de comunicações que vem contribuindo muito para o sucesso da nossa capoeira no MUNDO, entre eles estar o Jornal Mundo Capoeira que veio para ajudar e reforçar os capoeiristas estão de parabéns, não posso esquecer da revista praticando capoeira que também sempre ajuda muitos os capoieristas e sinpatizantes.
jornal mundo capoeira: deixei Sua mensagem aos capoeristas.
a capoeira é uma arte muito bela e que todos devemos cultivar e preservar com muito carinho, ela mostra o certo e o errado, lhe apresenta muitas pessoas e lhe leva a onde você nunca imaginaria que poderia estar, prático capoeira a mais de 20 anos e eu lhe digo que o golpe mais forte do capoeirista é a humildade, e quem não tem não chegará a lugar nenhum, eu e todos da cia capoeira volta ao mundo desejamos muita paz e união para todos capoeiritas, pois assim agente chega a algum lugar.

CIA VOLTA AO MUNDO DE SANTA CATARINA- MESTRE CEARÁ E EQUIPE


Domingo, 25 de Novembro de 2007

Mestre Ceará e sua turma em SC.


Turma do Mestre CEARÁ em Chapecó - CIA VOLTA AO MUNDO.
Postado por marcio às 07:30 0 comentários
Domingo, 15 de Julho de 2007

capoeira na net...

CURSO DE CAPOEIRA MESTRE CEARÁ EM XAXIM-SC
O curso de Capoeira promovido pela Escola Comunidade Brasil, na cidade de Xaxim, SC, foi ministrado pelo Mestre Ceará, professores e graduados da CIA CAPOEIRA VOLTA AO MUNDO. O número de participantes foi um dos mais representativos, contando com a presença de crianças, adolescentes e adultos. O apoio institucional da prefeitura deste município foi fundamental; representantes da cultura e do esporte tornaram o curso um belíssimo encontro de capoeiristas. Mestre Ceará ensinou capoeira dando ênfase na construção da cidadania, levando sempre em consideração os portadores de necessidades especiais e valorizando a participação infantil nesta arte. Foram abordados temas como: maculelê, samba de roda, táticas de jogo, acrobacias e esquivas.
_______________________________________________________________________
Encontro Brasileiro de Capoeira
em Curitiba PR
A escola de Capoeira Comunidade Brasil, de SC, marcou presença no evento realizado em Curitiba com a supervisão de Mestre Ceará. Capoeiristas de diversos estados, incluindo Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Ceará, realizado neste dia 15 de julho, um encontro de aprendizado e muito jogo. A participação de Mestre Sergipe engrandeceu o evento. Na programação estavam contidos um aulão aberto pela parte da manhã, batizado e roda na parte da tarde. A EQUIPE DA CIA VOLTA AO MUNDO-SC foi representadas pelo professor Cascata, graduados Babuíno, Onix, Arame, e alunos; também fez parte do coletivo o graduado Aritana do grupo Beribazu... Um dialogo aberto acerca da prática da Capoeira com o Mestre Sergipe e Mestre Ceará para com todos os participantes: foi a capoeira do oeste catarinense.
_____________________________________________________________________
IMÁGENS... Mestre Ceará, Mestre Sergipe e Babuíno. Professor Cascata no aulão da Comunidade
Professor Cascata no samba de roda Aula de maculelê ministrada pelo Mestre Ceará______________________________________________________________________
CAPOEIRA: Na volta que o mundo deu Patrimônio cultural brasileiro, a Capoeira, ou o ato de capoeiragem, vem se desenvolvendo ao longo de séculos. Não é possível conhecer a história de nosso país, desde a colonização portuguesa até esta requintada colonização econômica que vivenciamos hoje, sem levarmos em consideração as práticas afro-indíginas. Conforme trabalho científico editado pela universidade de Coimbra, a “Capoeira é algo singular; é um mundo ímpar onde a expressão cultural é a vida em sua mais profunda manifestação”.Trabalhos acadêmicos de diversas ordens e de diversas partes do globo tem descrito de forma muito clara aquilo que vivenciamos diariamente. O espetáculo de um jogo, uma arte, uma luta e uma dança; ou, para sintetizar as múltiplas definições: a livre expressão que contribuiu para o desenvolvimento do Brasil, independentemente das moedas e suas cotações.A prática da Capoeira, sendo singular manifestação de um povo, possui ramificações que fazem desta um emaranhado cultural. Sua especificidade enquanto arte marcial (entre outras definições) deve-se ao fato de ser conduzida por um ritmo melódico; os praticantes, no embalo de cadências sonoras, possuem um mundo próprio simbolizado no círculo a que chamam de “roda de Capoeira”. E é esse mundo do capoeirista que abordaremos neste ensaio, enfatizando sempre, a diversidade terminológica e o sentido conceitual contemporâneo da Capoeira.
Graduado BABUÍNO, Chapecó - SC.
____________________________________________________________________
Falando de Capoeira
Uma das grandes dificuldades de permanência de novos alunos nesta área de conhecimento é decorrente das falácias que estigmatizam o cotidiano das rodas de Capoeira. A afirmação nada verdadeira de que o praticante deve entrar na roda e assumir um desafio a qualquer preço, não passa de mentira induzido por um aspecto de violência e falta de consideração pela prática cultural. Aprender Capoeira significa entrar em um mundo de conhecimento vasto e quase isento de limites; todavia, não podemos confundir-nos e deixar propagar a idéia, de que o praticante de Capoeira hoje é uma pessoa que luta por sua vida dentro de uma roda: não estamos mais no período colonial, onde o negro, a cada instante, poderia investir em uma luta física para manutenção de sua vida. O capoeirista contemporâneo, usufrui desta arte e até mesmo desta luta, com um caráter de propagador cultural; um atleta; um músico; um dançarino; um agitador cultural. Porém, jamais utiliza-se da Capoeira para a resolução de questões que dizem respeito somente a um código de leis estabelecido e consagrado. É necessário, não apenas para o capoeirista, mas para o cidadão brasileiro, entender e propagar a idéia de que a Capoeira é, acima de muito, uma arte secular, e, que seu desenvolvimento positivo depende de sua utilização; o primeiro passo neste caso é não confundir e não defini-la erroneamente: conceitualiza-la por analogia é algo que precisa ser interrompido. Ou propomos uma nova definição, ou tomamos todos os cuidados para defini-la segundo uma tradição; ai, portanto, requer minimamente um conhecimento histórico filosófico acerca destas questões, o que impossibilita qualquer praticante iniciante de criar conclusões precipitadas. A roda de Capoeira não é uma arena onde se aposta a vida. Os praticantes podem muito bem, e além de poder eles devem, prezar por sua integridade física e psicológica como pessoas livres que usufruem de todos os direitos concernidos aos cidadãos. Aceitar desafios que coloquem em risco sua saúde, ou seja, ter relações de jogo com pessoas que possam lhe causar lesões físicas, seria algo aceitável somente por praticantes com algum distúrbio mental. Neste caso, qualquer capoeirista de sã consciência agirá segundo regras que lhes garantam um integridade e isentem-no de todas as ações que possam vir a atravancar-lhe o desenvolvimento singular de conhecedor e praticante desta arte. Para sintetizar o exposto, seguimos a esteira de Vicente Ferreira Pastinha, um dos grandes nomes da Capoeira. A violência nas rodas é puro pretexto para uma comunidade voltada ao ato do consumismo. O bom lutador, segundo este insigne mestre, é aquele que mostra que poderia se apoderar fisicamente de seu oponente, mas, que faz-se vencedor apenas dando a conhecer pelo vencido através de um movimento corporal. Ou seja, mostrar que poderia bater mas que não o fez apenas para garantir a saúde e o respeito a seu oponente. O bom praticante de Capoeira sabe que, mais que um oponente em uma roda, ele tem um 'camarada'; alguém com quem pode cantar, tocar instrumento, usar de malandragem. É visível que existe uma impossibilidade de compartilhar todas estas questões de entretenimento, como dito, de dança, música, malandragem, e, no final, da brincadeira e do jogo, agredir outra pessoa causando hematomas em sinal de imposição de poder. Já vivemos saturados e sufocados pela micro-física quase invisível do poder. A roda da Capoeira não necessita desta relação atrofiadora que está assolando grande parte de seus praticantes. Um dos argumentos mais pejorativos neste mundo encantado da Capoeira é de que o Capoeirista é um lutador como qualquer outro praticante de arte marcial oriental. Nada disso. A Capoeira é singular; tem um caráter de desenvolvimento social que a diferencia e projeta-a longe das outras: a roda de Capoeira não é uma luta assumida, como as lutas orientais, onde, pré-estabelecidamente, cada um dos praticantes sabe qual é sua finalidade. Com a Capoeira é diferente. O praticante tem intuito fundamental de diversão, aprendizagem e exposição de malandragem. Isso tudo deixa claro que a questão da luta não está em primeiro plano em uma roda. Um aprofundado estudo antropológico poderia provar o contrário. Todavia, o que se tem de material publicado, apenas reforça o seguinte enunciado: o capoeirista usava de suas técnicas corporais, ao longo de sua história de libertação, para com outras pessoas, alheios a seus movimentos. O próprio ingresso de mestre Pastinha na capoeira se deu dessa forma. Ensinaram-lhe Capoeira para defender-se dos ataques de um menino que não entendia da arte. Assim, a questão da luta da Capoeira pode ser resumida no confronto entre duas pessoas, em que, uma ou até mesmo ambas fazem uso de técnicas utilizadas na pratica da Capoeira, independentemente de uma roda ou de música. Qualquer pessoa, conhecendo arte marcial ou não, pode fazer uso de seu corpo para agredir ou defender-se de agressões, montando assim, uma seqüência de movimento que podem ser entendidos como “luta”. A arte da Capoeira está além disso.O capoeirista esta munido de técnicas corporais que lhe permitem utiliza-la na forma de luta, mas, somente o fará, se for de sua vontade, e jamais por determinação desta. A defesa pessoal é fundamental para qualquer cidadão. E a prática da Capoeira sem dúvida contribui para isso, munindo o praticante com golpes mirabolantes e perigosos no contato com outras pessoas; mas isso não justifica a ação violenta e pejorativa da pessoa que se intitula lutador de Capoeira para com membros da sociedade em geral. Sempre podemos ser bons lutadores, jogadores ou simplesmente cidadãos, sem precisar faltar com respeito nem causar lesões a outros; saber utilizar a luta na hora certa, da dança e do jogo em locais e hora própria é ter a certeza de contribuir para o livre desenvolvimento de nossa filosofia de vida, de nossa Capoeira.
Professor Cascata, Chapecó - SC.

MESTRE PASTINHA


Mestre Pastinha
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
Imagem:Mestre Pastinha.jpg
Mestre Pastinha
Vicente Ferreira Pastinha (Salvador, 5 de abril de 1899 - Salvador, 13 de novembro de 1981), foi um dos principais mestres de Capoeira da história.

A Wikipédia possui o Portal da Bahia. Artigos sobre história, cultura, personalidades e geografia.

[editar] Biografia
Mais conhecido por Mestre Pastinha, nascido em 1899 (posteriormente à publicação da edição de 1961 de Bahia de Todos os Santos de Jorge Amado, onde o autor diz que ele tem "mais de 70 anos", atribuiu-se ao venerável mestre um ano de nascimento em 1889, com resistância de diversos autores) dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no 'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida: "Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.
"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor. "Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (...). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."
Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o criador da Capoeira Angola e grande incentivador da Capoeira Tradicional como os escravos jogavam.
Fundou a primeira escola de Capoeira Angola, o "Centro Esportivo de Capoeira Angola" no Brasil, no Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.
Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade.
Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de 1981. Durante décadas dedicou-se ao ensino da Capoeira. Mesmo completamente cego, não deixava seus discípulos. E continua vivo nos capoeiras, nas rodas, nas cantigas, no jogo. "Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento:
"Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."

MESTRE BIMBA


Mestre Bimba
Nasceu em 23 de Novembro de 1900
Faleceu em 05 de Fevereiro de 1974
Residência: Sítio Coroano nº 57 - Nordeste de Amaralina
Comercial: Rua Francisco Muniz Barreto nº 01 - Pelourinho
Profissão: Professor de Capoeira
Local de Trabalho: Residência
Nº Carteira de Identidade 318.72 - Instituto Pedro Mello
Altura:1,93
Peso: 89 quilos
Filiação: Luiz Cândido Machado/Maria Martinha do Bomfim
Documento obtido na Comissão de Desportos da Aeronáutica no Estado da Guanabara, - 2º simpósio sobre capoeira realizado na Academia de Força Aérea (AFA) entre os dias 08 e 09/11 /69 sábado e domingo.
Manoel dos Reis Machado, nasceu na Periferia do bairro de Brotas, recebeu de “batismo” o nome BIMBA, em decorrência de uma aposta feita entre a sua mãe e a parteira que dizia ser um menino.
Surge aí o apelido BIMBA!
O primeiro local onde Mestre Bimba treinou capoeira era conhecido como Estrada dos Boiadeiros no bairro da Liberdade, seu primeiro mestre foi o Africano Bentinho capitão da Companhia de Navegação Baiana.
Mestre Bimba, iniciou a capoeira aos 12 anos de idade. Seu curso teve a duração de 04 anos e o método era a capoeira antiga, esta mesma capoeira ele conseguiu ensinar por 10 anos, o local das aulas era conhecido como “Clube União em apuros”, no bairro da Liberdade (bairro este habitado por pessoas na sua maioria de pele negra).
Desta forma a capoeira foi reconhecida como “Esporte nacional” e o mestre Bimba reconhecido pela Secretaria de Educação e Assistência Pública do Estado da Bahia com Professor de Educação Física e sua academia foi a pioneira no Brasil á ser reconhecida por Lei.
Uma personalidade da vida política e social, que desfrutava sempre se sua companhia, era o governador da Bahia Dr. Joaquim de Araújo Lima.
No ano de 1929, Manuel dos Reis Machado com sabedoria exemplar resolveu desenvolver um estilo diferente da capoeira Angola, fazendo a junção do Batuque com a capoeira de Angola, surge aí a Capoeira Regional que ano á ano vem sempre desenvolvendo mudanças mais eficientes, como forma de luta.
A graduação, aquela época era caracterizada por lenços.
Em 1932 fundou sua primeira academia no bairro do Engenho Velho de Brotas. Oficialmente a primeira academia de capoeira a ter seu alvará de funcionamento datado de 23 de Junho de 1937.
No mesmo ano, fez á primeira apresentação do seu trabalho para o interventor general Juraci Magalhães, onde havia presentes autoridades civis, militares entre outros convidados ilustres.

Em 1939, Mestre Bimba ensinou capoeira no Quartel do CPOR.
Em 1942 instalou sua segunda academia.



Em 1953, Mestre Bimba se apresentou para o presidente Getúlio Vargas, este declarou ser a Capoeira o único esporte verdadeiramente nacional.




Mestre Bimba e alguns alunos de Capoeira, estudantes de Medicina, nos anos 20


Como a capoeira não era bem vista aos olhos da sociedade, Mestre Bimba resolveu registrá-la como Centro de Cultura Física Regional, localizada na Rua Francisco Muniz Barreto. 01 – Pelourinho.
Em 1972, realizou a última formatura do centro de cultura física regional, nesta formatura o (Mestre Vermelho*) foi o orador.
Manoel dos Reis Machado, o mestríssimo Mestre Bimba, é o pai da capoeira regional. Aprendeu capoeira aos 12 anos de idade, com o mestre africano Bentinho. Já adulto, exerceu funções de destaque para a cultura baiana. Foi alabê no candomblé, função de zelador do terreiro. Pelo porte grande e respeito que imprimia, ganhou o apelido de Rei Negro e era saudado pelo grito de guerra "Bimba é bamba!". Em 1949, o escritor Monteiro Lobato o conheceu e lhe dedicou o conto Vinte e dois de Marajó, que conta a história de um marinheiro capoeirista.
a.B e d.B (antes de Bimba e depois de Bimba). Assim podem ser entendidas as mudanças sofridas pela capoeira no início de século. Antes de Bimba, a luta era ilegal, passível de punição pelo Código Penal, discriminada pela burguesia como coisa de malandro, de escravo fujão. Os capoeiristas sequer sonhavam em sobreviver dessa manifestação popular.
Bimba rompeu com este ranço. Deixou as funções de carroçeiro, trapicheiro, carpinteiro, doqueiro, carvoeiro para abraçar a capoeira e o seu instrumento mais ilustre, o berimbau, hoje identificado como símbolo da Bahia nos 5 continentes. Porém, no Brasil, só em 1999 a capoeira e o berimbau tiveram seus termos, como abadá e aú, incluídos na edição do Dicionário Aurélio, livro referência da língua portuguesa.
Se estivesse vivo, Mestre Bimba completaria 103 anos em novembro último. Morreu aos 74 anos, em Goiânia, sem presenciar a profissionalização da capoeira que ajudou a criar. "Meu pai morreu de banzo (tristeza), por não ver a capoeira respeitada", revela o filho Demerval machado, o Mestre Formiga.
Mestre Bimba acreditava que a capoeira tinha que se renovar para não ser engolida pelas lutas gringas. A preocupação, apesar de à primeira vista soar bairrista, tinha razão de ser. Até hoje, são lutas como o boxe americano e o judô japonês que circulam na mídia, nas Olimpíadas, lotando estádios e enriquecendo seus atletas, empresários e patrocinadores.
Lutando incessantemente para que a capoeira fosse reconhecida como a legítima arte marcial brasileira, Mestre Bimba criou a Capoeira Regional, jogo que ganhou este batismo pela aversão do mestre a estrangeirismos, fazendo questão de chamá-la de "Luta Regional Baiana". A Capoeira Regional é um estilo menos ritualístico do que a capoeira tradicional, conhecida como angola.
Os golpes introduzidos por Mestre Bimba facilitavam a defesa pessoal quando do embate com praticantes de outras lutas, como as artes marciais importadas muito populares no Brasil nas décadas de 30 e 40. Nessa época, desafiou todas as lutas e consagrou-se como primeiro capoeirista a vencer uma competição no ringue, quando o público incentivava com o grito de guerra "Bimba é bamba!".
Centenário - O centenário de Mestre Bimba coincide em mês com o aniversário de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, que deu origem ao Dia Nacional da Consciência Negra. Essa dupla de negros valentes batizou o evento Zumbimba, que marcou a inauguração do Centro Educacional Mestre Bimba (CEMB), dedicado aos estudos da capoeira, com sede em Itaboraí, interior do Rio de Janeiro.
"Escolhemos um lugar onde há mato, porque Mestre Bimba gostava de treinar a capoeira de emboscada, técnica na qual o capoeirista se esconde no mato fechado, e quando Mestre Bimba tocava seu apito, todos apareciam de seus esconderijos para surpreender o capoeirista com ponteiras de metal, e este tinha que se desviar dos ataques. Era praticada pelos escravos para facilitar a fuga", explica Mestre Camisa, coordenador da Associação Abadá-Capoeira.
CAPOEIRA, A FILOSOFIA DO CORPO
Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba, como ficou conhecido, foi a liderança mais importante do secular mundo da capoeira no século 20. Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que o Mestre Bimba foi o criador da moderna capoeira, hoje marca registrada do Brasil que percorre o mundo todo.
Apesar de tudo, pouco se escreveu de consistente sobre o Mestre Bimba. Esquecido por uns, denegrido por outros, seu legado foi fragmentado entre seus diversos alunos, e sua obra parecia sepultada no silêncio, mesmo dentro do mundo da capoeira.
Por tudo isso, o livro do renomado professor Muniz Sodré guarda o sabor de resgate que há muito se esperava para a obra de alguém que dedicou a vida inteira pela "arte brasileira".
Muniz não fala como um antropólogo ou sociólogo distante. Ele foi aluno em terna idade do Mestre Bimba e pôde comprovar o carisma e a liderança que Bimba tinha sobre seus alunos. Esta presença em corpo e alma na história da Capoeira Regional (a grande criação do Mestre Bimba), faz do depoimento de Muniz um testemunho emocionado e cativante.
O livro começa com o tardio reconhecimento do mundo universitário da Bahia, com o título de Doutor Honoris Causa concedido post mortem ao Mestre Bimba em 1996, apesar de no restante da universidade brasileira a capoeira continuar sendo considerada como "coisa de vagabundo". A partir daí, Muniz navega na grandiosa trajetória do Mestre Bimba, encimando os capítulos com os versos das cantigas de capoeira.
No primeiro capítulo, Muniz tenta identificar a "filosofia do corpo" que se esconde por trás do jogo da capoeira, traduzindo da forma mais direta possível a complexa rede que se oculta na arte da mandiga. Na segunda parte, Muniz se volta para a biografia do Mestre Bimba, mostrando como se confunde com a própria história de Salvador, e mesmo do negro nas primeiras décadas do pós-Abolição. Muniz afirma que Bimba e sua Capoeira Regional representaram um dos grandes momentos de afirmação da nova identidade negra em construção no século 20, conjuntamente com as Escolas de Samba no Rio de Janeiro e a Frente Negra em São Paulo. Nada mais justo.
O terceiro capítulo é um recuo no tempo, uma viagem pela conturbada história da capoeira antiga, com suas tradições regionalizadas - Rio, Bahia, Recife, São Luís, etc.. - e que converge para o aparente beco sem saída onde se encontrou no limiar da virada do século. E é a partir daí que surge a estrela de Mestre Bimba. Muniz é preciso quando define as variedades de estilos dentro da Capoeira Angola: um mais remoto, do princípio do século, que foi acusado de "lento e ineficiente" por Mestre Bimba, e uma outra Angola, esta criada por Mestre Pastinha a partir dos anos 40, de muitas formas paralela e simétrica a Regional de Mestre Bimba.
Novamente Muniz tem a coragem de afirmar o que muitos sabem, mas poucos falam: Mestre Bimba não estava sozinho, ele respirava o debate intelectual sobre a capoeira que emanava do Rio de Janeiro, e estava profundamente integrado ao seu tempo. Importante citar a afirmativa de Muniz de que Mestre Bimba jamais teve um intelectual de porte capaz de dar crédito no mundo dos letrados, e este teria sido um dos fatores explicativos do preconceito que se formou contra o Mestre. Em compensação Bimba foi hábil em conseguir respaldo político, do governador da Bahia Juraci Magalhães ao presidente Getúlio Vargas, o que colaborou fortemente para a descriminalização da capoeira em 1934, tributo que em geral é negado ao Mestre Bimba.
Mestre Bimba foi ainda um dos responsáveis pela consolidação do berimbau como uma das marcas indeléveis da arte da mandiga, na atualidade, já que nos idos da capoeiragem velha do Recôncavo faziam o papel do mestre musical a viola e o pandeiro.
Muniz também toca na face oculta da personalidade de Mestre Bimba: seu lugar nos mistérios do candomblé. Mestre Bimba era ogã (encarregado do atabaque) de uma das vertentes da religião dos orixás mais nebulosas e desconhecidas: o candomblé do caboclo.
O último capítulo é o mais triste, pois narra a lenta agonia do Mestre Bimba, vítima do descaso e do preconceito. Mestre Bimba começou a ser esquecido no exato momento em que os valores da democracia, da liberdade, da cultura e da vontade popular foram varridos pelo regime dos generais instalado em 1964.
Ele ainda viveu uma década, mas o desencanto com a Bahia - fruto deste tempo difícil - foi demais para ele. A ida para Goiânia parecia uma fuga, que afinal terminou com a morte.
Crédito: Carlos Eugênio Libano Soares (Historiador)
Mesmo depois de sua morte, o berimbau é hoje o símbolo maior da Bahia, graças às conquistas de Bimba. Ainda no início do século, uma época em que a capoeira era proibida por lei, ele criou a primeira escola de capoeira do Brasil e foi recebido por chefes de Estado, presidentes e governadores. No final da vida, exilado em Goiânia e esquecido por todos, caiu em depressão e morreu na miséria, enfartando depois de comandar sua última roda de capoeira. Desde 1978, seus restos mortais estão em Salvador, sua terra natal, depois de ter sido enterrado como indigente no estado de Goiás. Deixou 13 filhos, centenas de alunos, milhares de discípulos e um lema: "Capoeira é a arte do bem-viver!".
Descrente com a falta de apoio e reconhecimento á sua arte, Mestre Bimba e família aceita o convite do seu aluno Oswaldo Souza e muda-se definitivamente para Goiás, em busca de uma sociedade que aceitasse e valorizasse sua arte. Porém suas expectativas foram nulas e o Mestre Bimba veio a falecer no dia 05 de Fevereiro de 1974.
Em 12 de Junho de 1996, a Universidade Federal da Bahia, concedeu, por unanimidade o título de Doutor Honoris Causa a Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba).
MESTRE JAIR MOURA
Dono de uma biblioteca com farto material sobre a Capoeira Regional, o Mestre Jair Moura concedeu uma entrevista sobre Mestre Bimba, de quem foi amigo e discípulo.
Clique na imagem para ler a entrevista

Manchete do jornal TRIBUNA DA BAHIA em 06/02/1974, um dia após a morte de Mestre Bimba.
BAIANO, VOCÊ SABE QUEM É O HOMEM DESTA FOTO?
Quem passar pelo Pelourinho ou pela Praça Cayru hoje, vai ouvir o som de um berimbau, certamente. Se prestar atenção, vai notar que o som nunca foi tão triste: Um lamento que se espalha pelo ar e toma conta da cidade. Umas poucas pessoas trarão dentro de si, também, um lamento. Muitas, porém, não vão entender o porque da tristeza do berimbau. É que a grande maioria não sabe quem é e nem o que representou para a Bahia o homem da foto acima. Outros sabiam, se omitiram durante muito tempo e a partir de hoje estarão dizendo que ele é uma das glórias eternas da Bahia.
Baiano, você sabe quem é o homem da foto acima? Ele morreu ontem em Goiânia e sua mulher não quer que o corpo seja sepultado na Bahia.